Por Francisco Mourão Corrêa
Coordenador da Exopolitica Portugal, Director Continental da Europa da ICER
24 de Junho 2021
Amanhã, dia 25 de Junho de 2021, será um dia que ficará para sempre marcada na história da ovnilogia. Um muito antecipado relatório, com informação compilada sobre o fenómeno, poderá vir a ser entregue pelo departamento de defesa dos EUA ao comité de inteligência do Senado.
A tensão sente-se no ar já há alguns dias, sendo muitas as mesas redondas, entrevistas e comentários directos, previstos para ocorrerem ao longo do dia.
E porquê tudo isto?
A 16 de Dezembro de 2017, o New York Times publicou um artigo de investigação, da autoria de Leslie Kean, Elene Cooper e Ralph Blumenthal, que dava a conhecer o interesse que o departamento de defesa dos EUA afinal mantinha no fenómeno ovni, após ter encerrado o projecto Blue Book em 1969.
Segundo o NYT, entre 2007 e 2012, tinha existido o Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aero-Espaciais, que tinha por objectivo estudar a incursão de objectos desconhecidos em espaço aéreo restrito dos EUA. Apesar de ter sido encerrado em 2012, fontes internas referiram que o programa se manteve sobre outro nome, tendo também sido sugerida a existência de outros programas semelhantes mas de origem ainda classificada.
Soube-se assim que pilotos da marinha tinham observado estes objectos, os quais também tinham sido seguidos por radar, desempenhando manobras, acelerações e velocidades que iam para além da capacidade tecnológica detida actualmente pelos EUA.
Alguns congressistas foram apanhados de surpresa ao saberem que afinal os “ovnis” são uma realidade e que o Programa Avançado de Ameaças Aero-Espaciais tinha tido um orçamento de 22 milhões dólares aprovados pelo congresso de forma confidencial.
Tal levou a que fossem exigidas respostas, através de “briefings” à porta fechada com os responsáveis pelo programa e alguns dos pilotos envolvidos nas observações.
A Agência de Defesa e Inteligência informou os congressistas que o Programa tinha produzido uma série de artigos científicos (38) sobre temas “exóticos” como anti-gravidade, invisibilidade, buracos temporais, stargates e “warp-drives”.
O Comité de Inteligência do Senado, liderado então pelo senador Marco Rubio (Republicano) e pelo senador Mark Warren (Democrata), mostrou especial interesse e preocupação pelas possíveis consequências de haverem objectos desconhecidos a penetrar em áreas restritas e a conseguirem suplantar as aeronaves de última geração das forças armadas norte-americanas.
Assim, fizeram um requerimento ao Director Nacional de Inteligência, Avril Haines, que foi incluído no Decreto de Inteligência para o Ano Fiscal de 2021, a solicitar um relatório oficial sobre a situação actual no que toca aos OVNIs, a ser apresentado no prazo de 180 após a sua aprovação (a 27 de Dezembro de 2020).
Ou seja, uma vez que o dia 27 de junho (fim do prazo) calha num domingo, o relatório teria de ser apresentado até ao dia 25, que é já amanhã, sexta-feira.
Nas últimas semanas, vários congressistas e senadores foram sendo pre-informados sobre as conclusões do relatório, e algumas fugas de informação foram gerando notícias especulativas.
Como por exemplo, que será referido não haver evidências definitivas de que os objectos tenham origem extraterrestre, mas também sendo reconhecido que essa mesma hipótese não poderá ser descartada.
A outra hipótese discutida será a de que poderá tratar-se de um qualquer protótipo secreto, mísseis ou drones, seja de origem norte-americana ou de adversários como a Rússia ou China. A possibilidade de ser norte-americana foi já descartada por vários oficiais.
A outra possibilidade, de que a China ou Rússia, tenham conseguido dar um salto tecnológico tão considerável e que os serviços de informação norte-americanos não o tivessem detectado, parece demasiado inverosímil.
Soubemos de fonte credível que o relatório poderá:
- ter 73 páginas, 28 das quais serão de acesso classificado.
- nenhuma das secções irá referir-se ao caso de Roswell (1947) nem a qualquer caso civil relatado.
- o caso primário será o de 14 de Novembro de 2004, que envolveu o USS Princeton (CG-59) e o cruiser Ticonderoga.
- foco do relatório será limitado à metodologia e às conclusões das investigações conduzidas pelo Departamento de Defesa, sempre no contexto de operações militares americanas.
Tudo indica que, apesar de não haver respostas conclusivas, a porta irá ficar [suficientemente] aberta, permitindo que a discussão se prolongue nos próximos meses, de forma séria e sem o estigma dos últimos 70 anos.