Por Francisco Mourão Corrêa, 20 Dez 2017
No passado sábado, dia 16 de Novembro de 2017, o New York Times publicou uma notícia, que rapidamente foi seguida por outros como o Washington Post, o Politico, ABC, CNN, entre muitos outros.
A notícia dava conta de que o Pentágono tinha tido um projecto de estudo de OVNIS, entre 2007 e 2012, e no qual foram gastos, pelo menos, 22 milhões de dólares. Coisa pouca num orçamento total (do Pentágono) na ordem dos triliões de dólares. Mas num país como o nosso, 22 milhões é Dinheiro!
Se a Força Aérea Americana fez saber, nos anos 60 do século passado, que estudar OVNIS era uma perda de tempo, e que tudo não passava de ilusões de óptica ou histerismo das pessoas, porquê gastar esta quantia de dinheiro (considerável) 40 anos depois?
O que é digno de nota, não é tanto a existência deste projecto, mas sim o facto de os principais meios de comunicação americanos terem dado tanta importância à notícia. Até parece que alguém “descobriu a pólvora”!
Quem estuda, ou segue, este tema, conhece ou já ouviu falar dos vários estudos que ao longo do sec. XX foram efectuados para melhor conhecer o fenómeno. Entre eles, o “Projecto Blue Book”, Força Aérea US (EUA, 1952-1970), “Evidências Ovni “, Comissão Nacional de Investigação de Fenómenos Aéreos (EUA, 1964), “Simpósio sobre Discos Voadores”, Audiência na Comissão de Ciência e Astronáutica, na Câmara dos Representantes (EUA, 1968), “Estudo Científico sobre Objectos Voadores Não Identificados”, Universidade do Colorado (EUA, 1969), “A Experiência Ovni, Um estudo científico”, Universidade de Northwestern (EUA, 1972), “Relatório Cometa – Ovnis e a Defesa: Para o que nos devemos preparar?”, Instituto de Estudos Avançados para a Defesa Nacional (França, 1999).
Sabemos igualmente que em 1969, o General Carrol Bolender ao encerrar o projecto “Blue Book”, afirmou que os casos ovni que envolvessem a segurança nacional (norte-americana), não faziam parte desse projecto (BB), o que obviamente levanta inúmeras questões…
Desde o avistamento de 9 objectos não identificados, por parte piloto civil Kenneth Arnold, a 24 de Julho de 1947, que centenas, senão milhares, de investigadores, pilotos, políticos, governantes, estudaram o fenómeno o melhor possível, recolheram evidências, tentaram trazer a público a informação recolhida e solicitaram a divulgação de dados oficiais sobre o tema. Entre eles estão, pelo menos 3 astronautas: Edgar Mitchel, Gordon Cooper e Brian O’Leary.
Infelizmente, ao longo destes 70 anos, tem imperado a mentira, a desinformação, e a ridicularização das pessoas que dão/deram a cara pela investigação ou pelos casos pessoais.
Houve inclusivé casos de reputados cientistas que foram afastados da academia, ou foram prejudicados na sua carreira, por se interessarem por este tema.
Nos anos 90, Lawrence Rockefeller, milionário e filantropo, tentou forçar junto do casal Clinton a abertura de ficheiros oficiais sobre ovnis e a assunção por parte do governo americano de que a Terra tem sido visitada por outras inteligências. Resultado: praticamente nulo. Interesse do media: nenhum.
Em Maio de 2001, assistimos à realização de uma conferência de imprensa, no National Press Club, em Washington, promovida por Steven Greer. Nesse evento, várias testemunhas, ex-oficiais das forças armadas americanas e ex-colaboradores governamentais, pediram para serem ouvidos pelo Congresso Americano e poderem falar sobre o que tinham testemunhado, no exercício das suas funções, no que toca ao tema OVNI. Resultado: no que toca ao objectivo proposto, zero; no que toca à exposição do fenómeno, foi um marco na história recente. Interesse dos media: algum interesse local, nomeadamente por parte da CNN, mas com pouca repercussão.
Em Novembro de 2007, Leslie Kean e James Fox promoveram uma nova conferência de imprensa, também no National Press Club e com muitas das testemunhas que haviam marcado presença em 2001. De salientar que este evento teve o apoio de John Podesta, ex-assessor de Bill Clinton e mais tarde director de campanha de Hillary Clinton em 2016. Resultado: no que toca ao objectivo proposto, zero. Interesse dos media: algum interesse loca, mais uma vez especialmente por parte da CNN, mas pouca repercussão.
Em Setembro de 2010, Robert Salas e Robert Hastings organizaram novo evento, onde deram conta de vários episódios de interferência de ovnis junto de bases nucleares americanas. O objectivo? Chamar a atenção para aquilo que consideravam ser um problema de segurança nacional e mundial. Resultado: em termos da exposição, conseguido. Interesse dos media: praticamente nulo.
Em Abril/Maio de 2013, Stephen Bassett organizou uma audiência civil, onde diversos investigadores do mundo inteiro apresentaram, perante ex-congressistas e ex-senadores, os casos ovni mais bem estudados, assim como as diversas iniciativas realizadas ao longo dos anos. Foram cinco dias de depoimentos intensivos. Resultado: quanto ao objectivo proposto (realização de uma audiência oficial perante o Congresso), não foi alcançado; quanto à mudança de perspectiva sobre fenómeno dos congressistas e senadores presentes, o objectivo foi totalmente satisfeito. Interesse dos media: algum interesse, mas sem a esperada repercussão.
Além destes eventos mencionados, todos os anos são realizadas diversas conferências sobre o tema OVNI, especialmente nos EUA, mas também no mundo inteiro, tal como em Portugal (a Exopolítica tem realizado conferencias anuais, desde 2011).
Chegados a 2017, mais concretamente a 11 de Outubro, foi dado a conhecer a criação da empresa “To The Stars Academy of Arts and Science”, uma iniciativa do ex-vocalista da banda Blink182, Tom Delonge.
Delonge, num esforço para dar peso e credibilidade ao projecto, conseguiu envolver figuras como Jim Semivan (trabalhou 25 anos ao serviço da CIA), Hal Puthof (professor universitário, conselheiro da NASA, NSA e Departamento de Defesa), Steve Justice (ex-Director de Programas Avançadas da Lockheed Martin), Luis Elizondo (Agente Especial de Contra-Inteligência do Departamento de Defesa), entre outros.
Foi Luis Elizondo a fonte da notícia do New York Times, tendo partilhado a existência do projecto “Advanced Aviation Threat Identification Program” (AATIP), que tinha por objectivo identificar possíveis ameaças para a segurança dos EUA. O projecto, secreto, existiu entre 2007 e 2012, embora Elizondo refira ter conhecimento de que continuou activo até há pouco tempo.
O projecto inicialmente obteve financiamento a pedido do Senador Harry Reid, o qual sempre mostrou interesse em “fenómenos espaciais”, sendo que grande parte do dinheiro foi destinado para uma empresa de investigação espacial do bilionário Robert Bigelow (que actualmente tem projectos em conjunto com a NASA). Curiosamente, Bigelow foi entrevistado em Maio de 2017, para o programa “60 Minutes” da CBS, durante o qual afirmou estar convencido que existem extraterrestres, e que o planeta Terra já foi visitado.
Para a peça do NYT, Luis Elizondo partilhou alguns vídeos, provenientes do programa AATIP, onde se vê a “perseguição” a alguns desses objectos, por parte de pilotos da Força Aérea Americana, e se pode ouvir a respectiva comunicação entre pilotos.
Elizondo refere que os vários objectos (ele chama-lhes mesmo aeronaves) observados ao longo da existência do programa, não tinham sistema de propulsão visível, exibiam comportamentos aerodinâmicos que desafiam as leis da física, e que nem os EUA, nem qualquer nação no planeta, têm actualmente tecnologia capaz de reproduzir o que foi observado.
Ora, estas descrições não são novidade, uma vez que pelo menos desde 1947, testemunhas referem exactamente as mesmas características acima descritas. Sendo que há 70, 60, 50 anos atrás, seriam de ainda maior perplexidade.
De facto, mais uma vez sublinha-se o facto de grande parte do conteúdo da notícia, não ser novidade, pois é algo repetido desde há 70 anos.
O que é novidade é o “frenesim” que a notícia causou, não só nas redes sociais, mas também nos meios de comunicação “regulares”. Tanto a CNN como o Washington Post já fizeram novos artigos sobre o assunto.
Nós, no movimento de Exopolítica, assim como todos os colegas que se dedicam à Ovnilogia, que trabalhamos sobre isto há anos, e que já estamos habituados a iniciativas que muito prometem, mas pouco sucesso têm, iremos, mais uma vez, aguardar na expectativa de que finalmente se reconheça oficialmente que, de vez em quando, somos visitados por outras inteligências.
Ver os seguintes links:
https://www.nytimes.com/pentagon-program-ufo
https://www.washingtonpost.com/news/the-government-admits-it-studies-ufos
https://www.washingtonpost.com/world/national-security/head-of-pentagons-secret-ufo-office
https://www.washingtonpost.com/news/former-navy-pilot-describes-encounter-with-ufo
https://abcnews.go.com/US/secret-now-closed-ufo-program-confirmed
https://us.cnn.com/politics/pentagon-ufo-project
https://www.politico.com/pentagon-ufo-search-harry-reid
https://www.huffingtonpost.com/aerospace-threat-program-ufos
https://www.cbsnews.com-bigelow
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