O problema dos 3 corpos

O PROBLEMA DOS 3 CORPOS

Por Fernando Neves – Jornalista

 

 

Não há nada melhor para alimentar a nossa imaginação, que assistir a um bom filme de ficção científica.

Se o filme tiver como protagonistas, meia dúzia de ETs e o futuro da humanidade estiver em causa, então o “bolo” fica perfeito.

Se dissecarmos detalhadamente qualquer boa Teoria da Conspiração, encontraremos pormenores, ou mesmo argumentos, que são comuns a esses mesmo filmes.

Em 1995, o investigador norte-americano Benjamim Radford, autor de mais de duas dezenas de livros sobre fenómenos inexplicáveis, desenvolveu ao longo de cinco anos, uma pesquisa que o levou a várias regiões do planeta, em busca do “Chupacabra”, figura mítica, cujos relatos de possíveis avistamentos, assombravam várias regiões do Globo. Na sua demanda, encontrou a porto-riquenha Madelyne Tolentino, nada mais nada menos que a primeira pessoa a ter testemunhado fisicamente o tão falado ser, fato que foi largamente noticiado nos media da região. Após a entrevista, Radford, concluiu que o suposto avistamento se deveu ao facto de Madelyne ter assistido na altura ao filme “Spyces”, de Roger Donaldson, o qual apresentava uma criatura híbrida, resultado da fusão de ADN alienígena com um ser humano e cuja aparência se assemelhava em muito com aquilo que Madelyne Tolentino afirmava ter visto.

Mas há exceções.

Para muita gente, o filme “2001 Odisseia no espaço” produzido e dirigido por Stanley Kubrick em 1968, é um marco na tipificação daquilo que para muitos teóricos da conspiração, se resume no conceito de Mundos Paralelos; aquele que nós percecionamos e um outro real, que só está acessível a meia dúzia de iluminados. Na prática, existe uma entidade superiora, que comanda a nossa existência e que determina tudo o que fazemos na nossa vida. É como se de um jogo “SimS” se tratasse, no qual nós os simples humanos, representamos as pequenas personagens digitais que interagem no jogo, a comado do “player”.

A suportar esta tese, temos, como não podia deixar de ser, a trilogia “Matrix”.

Para muta gente, à nascença somos forçados a engolir um comprimido azul e só muito dificilmente é que a nossa existência poderá eventualmente um dia, ser confrontada com a possibilidade de deglutir um comprimido vermelho.

Para estes entusiastas do “místico gasoso”, não é possível que uma fabulosa equipa de argumentistas, tenha a capacidade genial de escrever roteiros que forçam a nossa imaginação e que têm como único objetivo…entreter!

Não! Qualquer um destes profissionais, está ao serviço de uma ordem superior e como tal, a sua missão é, enviar sinais e abrir as nossas mentes para a outra realidade.

Seguindo este princípio, seriamos forçados a aceitar que por exemplo a série “Casa de Papel”, na verdade, o que nos quer dizer é que algures no tempo, alguém conseguiu desvirtuar o valor económico do ouro e que o precioso metal, que se encontra em circulação, não passa de chumbo revestido a ouro, caso contrário, as economias mundiais entrariam em colapso (e sim, existe uma teoria que defende que o ouro que se encontra em Fort Knox, foi falsificado!).

Esta longa introdução, serve de pretexto para uma breve reflexão sobre a série de que toda a gente fala “O Problema dos 3 Corpos”.

Existem pelo menos 3 versões desta série que se baseia na trilogia de Liu Cixin,. Este autor chinês, venceu por nove vezes o Prêmio Galaxy (o de maior prestígio literário de ficção científica da China) e ainda o Prémio Hugo em 2015.

A trilogia compreende os títulos: “O Problema dos 3 Corpos”, “Floresta Escura” e “O Fim da Morte”.

As séries que se encontram disponíveis baseiam-se apenas no primeiro dos 3 livros.

A questão de fundo relaciona-se com os conceitos de mecânica orbital ou astrodinâmica, ou seja, como prever a orbita de 3 corpos que gravitam entre si. Este é um problema para o qual a física ainda não encontrou resposta até aos dias de hoje e tem motivado acesas discussões académicas.

Sendo uma questão de fundo em toda a obra, o tema pode-nos levar para outros campos da “metafísica popular de bancada”, tais como; “dois é bom 3 é demais” ou ainda “um é pouco, dois é bom, 3 é demais”.

Se estratificarmos estes “teoremas”, podemos facilmente compará-los com a nossa própria existência, e assim equacionarmos outra vida inteligente para além daquela que conhecemos.

Na versão chinesa (a versão da Netflix tem 8 episódios), o 30º e último episódio, termina com uma das mais puras e belas reflexões sobre a nossa sobrevivência enquanto raça humana; confrontados com a possibilidade de deixarmos de existir, dois dos principais protagonistas resolvem “entregar os pontos” e deixar o álcool colmatar as lacunas que a nossa própria mente não consegue preencher.

Resumidamente, “Os extraterrestres vêm aí, vão colonizar-nos e apelidam-nos de insetos”. A resposta a esta questão é dada por um terceiro protagonista (curiosamente o único que vai transitar para a segunda temporada), um polícia, uma espécie de “cow boy” americano, um John Wayne versão asiática, com um duvidoso sentido de humor, mas cujas ações demonstraram ser determinantes no desenrolar da série.

Retomando a narrativa (e este é o único spoiler que faço), no sentido de acabar com o desespero dos dois alcoolizados, o polícia leva-os de carro até à sua terra natal, local onde as pragas de gafanhotos são uma constante nos 365 dias do ano.

A explicação é simples; a ciência já inventou toda a espécie de inseticidas, os campos são pulverizados periodicamente, os habitantes têm aparelhos eletrónicos para combater a infestação e, no entanto, todos os anos a praga aumenta. Nunca conseguiram acabar com eles!

Tenho para mim, que se alguém está a planear uma “Nova Ordem Mundial”, então ela que venha, porque do meu  ponto de vista, este Terra está mesmo a precisar de alguém que ponha ordem nisto, não sei se esse “alguém” é cá da “casa” ou se vem de fora, mas também sei que a humanidade em tempo de crise ( e esta é outra das mensagens que a série deixa) se consegue unir e trabalhar como um todo.

Duvido que Liu Cixin, esteja ao serviço de uma qualquer entidade ou potência e que com esta trilogia nos esteja a alertar para o que aí vem, porque muito sinceramente, não precisamos de nenhum ET para destruir isto tudo, NÓS JÁ ESTAMOS A FAZER ESSE TRABALHO!